A Avaliação da Composição Corporal por Bioimpedância, é uma das técnicas utilizadas e necessária para a prescrição dietética e a elaboração de programas de exercícios físicos. Esta técnica permite chegar a um diagnóstico do estado inicial do cliente.
Neste artigo vamos explicar a importância da Avaliação da Composição Corporal por Bioimpedância, tirar as dúvidas sobre o processo e trazer informações sobre como este diagnóstico auxilia a orientação ao cliente e acompanhamento de sua evolução.
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Bioimpedância: Como Fazer e Equipamentos Necessários
Avaliação Composição Corporal por Bioimpedância: Por que realizar?
Ao realizar a técnica de Avaliação da Composição Corporal por Bioimpedância os profissionais da saúde: Nutricionistas, Nutrólogos, Endocrinologistas, Educadores Físicos, entre outros, passam a conhecer o estado atual dos compartimentos corporais.
Ou seja, esta avaliação cria um marcador do estado atual do indivíduo entregando aos profissionais informações as quais serão minuciosamente estudadas para a elaboração por parte dos profissionais, do tratamento adequado aos pacientes.
Qual especialista pode realizar a Avaliação da Composição Corporal por Bioimpedância?
A especialidade indicada para a realização da Avaliação da Composição Corporal por Bioimpedância se concentra na área da saúde, e todo profissional formado pode realizar esta avaliação.
Por se tratar de um exame simples é comum especialistas instruírem auxiliares da área da saúde para a realização da Avaliação da Composição Corporal por Bioimpedância.
Ficando a cargo dos profissionais a interpretação dos resultados entregues pela Bioimpedância para a elaboração mais adequada do tratamento.
Bioimpedância: vantagens de utilizar esta técnica
As vantagens em utilizar a técnica da Bioimpedância estão na praticidade da realização do exame, por ser um procedimento rápido, seguro, não invasivo, de fácil realização e principalmente por não depender de erros inerentes ao avaliador.
Por exemplo, a técnica por antropometria ao qual requer instrumentos manuseados por profissionais não treinados para as medições, exemplos: adipômetros, trenas antropométricas, estadiômetros entre outros.
Vale comentar que, para medidas de dobras cutâneas (adipômetro), estatura (estadiômetro), perimetria (fita métrica) existem padronizações específicas para a realização.
Por isso é muito normal entre profissionais não serem observadas as padronizações corretas, ocasionando erros inerentes aos avaliadores provocando uma interpretação errada no diagnóstico da Composição Corporal.
O mesmo não ocorre com o exame por Bioimpedância, uma vez que o resultado não depende do avaliador.
Outras informações dadas pela bioimpedância
As informações dadas pela bioimpedância dependem muito de qual equipamento está sendo utilizado, porém na maioria dos equipamentos as informações dadas são:
- Índice de Massa corporal – IMC
- Peso corporal – Massa
- Água corporal total – ACT
- Massa livre de gordura – MLC
- Gordura corporal – GC
- Massa muscular esquelética – MME
- Gasto energético basal – GEB
- Gasto energético total – GET
- Ângulo de fase – AF
Como interpretar o exame de bioimpedância?
A interpretação do exame de bioimpedância deverá ser realizada pelo profissional que está acompanhando o paciente.
A forma correta é avaliar se a gordura corporal está aceitável dentro da média populacional.
Ao ser interpretado o IMC, o estado saudável do paciente deve ser comparado aos índices indicados pela condição de saúde.
A interpretação da água total corporal entregue pela bioimpedância deve ser avaliado pela condição atual da hidratação ou desidratação do paciente.
De forma geral a interpretação dos resultados vai depender do profissional, este deverá acompanhar os resultados entregues e compará-los com os índices de normalidade indicados em estudos científicos específicos para cada resultado obtido.
Avaliação da Composição Corporal por Bioimpedância: Entendendo a Bioimpedanciometria
O princípio que norteia a avaliação da composição corporal pela impedância bioelétrica, é a relação entre o conteúdo de água corporal e as quantidades dos diferentes componentes corporais 1, 2.
A técnica da bioimpedanciometria baseia-se no pressuposto de que o tecido magro, que contém uma grande quantidade de água (~ 73%) e eletrólitos, é um bom condutor de corrente elétrica.
Por sua vez, a gordura, que possui pequena quantidade de água, é um mau condutor. Esse princípio permite inferir que uma grande quantidade de água e de massa corporal magra oferecem menor resistência à passagem de uma corrente elétrica 3, 4.
Assim como outros métodos de avaliação da composição corporal, a impedância bioelétrica depende de vários pressupostos estáticos e das relações dinâmicas entre as propriedades elétricas do corpo.
Podemos destacar composição, hidratação e densidade; e ainda idade, etnia, sexo e condição física dos avaliados 5-7.
Impedância (Z) é a oposição do condutor ao fluxo de corrente elétrica alternada e é dependente da frequência.
A Impedância (Z) é determinada pelo vetor de relação entre resistência (R) e Reatância (Xc), medidas na frequência utilizada, de acordo com a equação Z2 = R2 + Xc2 e demonstrada pela Figura 1 abaixo:
Vamos falar sobre a Resistência e Reatância?
Resistência é a oposição pura do condutor à corrente alternada, e a reatância é o componente dielétrico da impedância.
Os valores de resistência e reatância dependem da frequência da corrente elétrica (Figura 1).
À baixa frequência a impedância é igual a resistência e a reatância é zero. Com o aumento da frequência ocorrem múltiplos padrões de reatância dentro do condutor e alguns desses retardam a corrente mais do que outros.
O valor da reatância aumenta com a frequência, mas atinge um máximo a uma frequência específica que depende da composição do condutor.
Após este máximo a reatância cai enquanto a frequência continua aumentando, e atingindo uma alta frequência a impedância para o condutor é novamente igual à resistência.
Ainda na Figura 1, pode ser observado que o vetor da impedância cria um ângulo com o vetor da resistência no qual a frequência muda de baixa para alta. Isto é o ângulo de fase, e é o arco tangente da relação de reatância e resistência, ou Xc/R 3.
De acordo com a lei de Ohm, a relação geométrica entre a forma dos condutores e a resistência é importante para o entendimento da aplicação da impedância bioelétrica para a avaliação da composição corporal.
A resistência é proporcional ao comprimento do condutor e inversamente proporcional a área da secção transversal. Isto significa que um condutor longo terá uma resistência maior que um condutor curto, e que um condutor com pequena área de secção transversal terá uma resistência maior do que um com uma área mais larga.
Z2 = R2 + Xc2
Como fazer avaliação da composição corporal por bioimpedância?
Ao fazer a Avaliação da composição Corporal por bioimpedância, o avaliado, deve estar deitado em decúbito dorsal, em uma superfície não-condutiva, com os braços levemente abduzidos, de forma que não toquem o tronco.
As pernas devem estar separadas, de forma que a distância entre os tornozelos seja de pelo menos 20 cm, sem que as coxas se toquem.
Em indivíduos muito obesos, pode ser muito difícil manter uma completa separação das coxas. A cabeça deve estar na altura do corpo, ou no máximo pouco elevada por um fino travesseiro.
O avaliado pode permanecer vestido, excetuando-se calçado e meia no pé direito, para a fixação dos eletrodos para bioimpedâncias.
Não deverá utilizar, também, objetos metálicos no corpo, como relógio, joias etc. É conveniente que os locais de colocação dos eletrodos sejam limpos com algodão umedecido em álcool.
Outros pontos a considerar na avaliação por bioimpedância
Para Lukaski et al. 9, a realização da análise da composição corporal pela impedância bioelétrica sofre influência direta do avaliado que, por essa razão, deve seguir uma série de procedimentos prévios ao teste com o intuito de minimizar o erro de estimativa:
- Não utilizar medicamentos diuréticos nos 7 dias que antecedem o teste.
- Manter-se em jejum nas 4 h que antecedem o teste.
- Não ingerir bebidas alcoólicas nas 48 h anteriores ao teste.
- Não realizar atividades físicas extenuantes nas 24 h anteriores ao teste.
- Urinar pelo menos 30 min antes do teste.
- Permanecer pelo menos 5 a 10 min deitado na posição de realização do teste, em total repouso, antes da execução deste.
O exame de Bioimpedância é confiável?
Sim o exame de Bioimpedância é confiável, devendo ser considerados os protocolos descritos acima.
Apesar de ser uma técnica rápida, simples, segura e não-invasiva, o protocolo a ser seguido previamente ao teste acaba influenciando diretamente os resultados caso não sejam observados todos os cuidados necessários.
Como leva em conta a quantidade de água no organismo, mulheres, em período pré-menstrual, também podem ter seus resultados alterados.
Também merece cuidado a sua utilização em idosos, já que nesta fase da vida é comum a desidratação dos tecidos corporais, o que pode sugerir superestimativa da quantidade de gordura corporal.
Da mesma forma, alterações na quantidade de água corporal, que interferem no resultado da bioimpedanciometria, também são evidenciados em sujeitos desnutridos ou com anorexia nervosa 3, 6.
Uma forma de minimizar tais limitações é a utilização de equações preditivas que tenham sido produzidas com base em estudos de sujeitos com características semelhantes às dos que se pretende avaliar.
Neste sentido, uma das maiores fontes de erro da impedância bioelétrica é a utilização de equações de predição inapropriadas para o sujeito avaliado.
Assim, é preciso verificar se as características do avaliado (etnia, gênero, idade, nível de atividade física e quantidade de gordura corporal) são condizentes com as da população de origem da equação utilizada 6, 13.
A maioria dos aparelhos de bioimpedanciometria disponíveis no mercado brasileiro tem origem internacional e utiliza equações preditivas construídas a partir de estudos com populações muito diferentes da nossa, nem sempre validadas para os sujeitos que são avaliados por elas em nosso país.
Além disso, grande parte destes equipamentos não disponibiliza informações sobre as características da população de origem destas equações.
No Brasil, são escassos os estudos que tenham produzido e validadas equações preditivas de composição corporal por bioimpedanciometria.
Sendo a maioria restritos a grupos específicos e com pequena amplitude de faixa etária, utilizando como técnica padrão a pesagem hidrostática sem a medida direta do volume residual pulmonar, o que pode conduzir a erros importantes na medida da densidade corporal 14, 15.
Cabe destacar o estudo realizado no Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que vem desenvolvendo e validando equações preditivas de massa livre de gordura por bioimpedanciometria, utilizando a absorciometria de raio X de dupla energia (DEXA) como padrão 16, que tem sido a técnica padrão de preferência na maioria dos estudos 17-22.
A Bioimpedância Tetrapolar Sanny, de fabricação nacional, além de permitir a escolha entre mais de 40 equações preditivas para sujeitos com diferentes características, traz equações desenvolvidas no Brasil, com a devida validação cruzada, apresentando alta validade quando comparada à DEXA.
Quanto custa uma Avaliação da Composição Corporal por Bioimpedância?
O custo da Avaliação da Composição Corporal por Bioimpedância vai depender de alguns aspectos tais como:
- Qual modelo de equipamento está sendo utilizado;
- Disponibilidade do exame na região;
- Se o exame é realizado em cima de uma balança ou deitado sobre uma maca;
- Das acomodações da clínica onde o exame é realizado;
- Quando o exame faz parte de um tratamento deverá ser realizada reavaliações, neste caso o valor das avaliações diminui.
Em média a Avaliação da Composição Corporal por Bioimpedância não é cara, muitas vezes o profissional inclui o valor do exame na consulta, porém depende de cada profissional, não há uma tabela que defina qual valor deve ser cobrado.
Conclusão
A escolha da técnica de avaliação da composição corporal depende significativamente do quanto o usuário conhece suas vantagens e limitações, para controlar adequadamente as fontes de erro e obter resultados com maior validade.
Em bioimpedanciometria, poder escolher a equação preditiva mais adequada ao avaliado é fundamental, portanto, este deve ser ponto determinante na aquisição de um equipamento.
Agora que você já sabe como é importante e como executar a Avaliação da Composição Corporal por Bioimpedância, acompanhe os conteúdos Sanny para receber mais informações e ampliar seus conhecimentos.
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